Descoberta recente desafia teorias sobre o comportamento de cometas
O objeto interestelar 3I/ATLAS, o terceiro corpo de origem extrassolar já identificado no Sistema Solar, voltou a ser destaque no meio científico após observações recentes indicarem uma aceleração não gravitacional — um movimento inesperado que não pode ser explicado apenas pela força da gravidade do Sol.
A descoberta foi feita no final de outubro por astrônomos que utilizam o Observatório ALMA, no Chile, e analisada por engenheiros do Jet Propulsion Laboratory (JPL) da NASA. Segundo os dados, o 3I/ATLAS desviou-se em cerca de quatro segundos de arco da trajetória prevista, sugerindo que algo “empurrou” o objeto enquanto ele se afastava do Sol.
O que é o 3I/ATLAS
Detectado originalmente em 2024, o 3I/ATLAS é o terceiro objeto interestelar confirmado a cruzar o Sistema Solar, após o famoso ʻOumuamua (2017) e o 2I/Borisov (2019). Esses corpos se destacam por virem de fora do nosso sistema e por viajarem em velocidades altíssimas — o 3I/ATLAS, por exemplo, se move a mais de 100 mil km/h.
O objeto ganhou o apelido de “cometa fantasma” por causa de sua aparência tênue e comportamento atípico. Agora, com a detecção dessa aceleração anômala, os cientistas estão tentando entender o que pode estar influenciando seus movimentos.
Aceleração não gravitacional: o que significa
Normalmente, os corpos que cruzam o Sistema Solar seguem trajetórias previsíveis, controladas apenas pela gravidade do Sol e dos planetas. No caso do 3I/ATLAS, porém, as medições mostraram que ele acelerou de forma inesperada — fenômeno conhecido como aceleração não gravitacional.
Esse tipo de aceleração já foi observado antes em cometas altamente ativos. Quando um cometa se aproxima do Sol, o calor solar faz o gelo em sua superfície sublimar (passar do estado sólido diretamente para o gasoso), criando jatos de gás que funcionam como micropropulsores naturais.
De acordo com os astrônomos do ALMA, esse mesmo processo pode explicar o desvio do 3I/ATLAS. A liberação de gases congelados — como monóxido de carbono, dióxido de carbono e vapor d’água — teria provocado um empuxo sutil, mas mensurável, alterando sua trajetória.
Teorias alternativas e especulações
Como aconteceu com o ʻOumuamua, parte da comunidade científica e do público levantou hipóteses mais ousadas sobre a origem do fenômeno. Alguns sugeriram que o objeto interestelar 3I/ATLAS poderia ter origem artificial, sendo possivelmente um artefato tecnológico alienígena.
Contudo, os pesquisadores do JPL e da ESA (Agência Espacial Europeia) afirmam que não há indícios de tecnologia envolvida. Segundo o engenheiro de dinâmica orbital Michael Groves, responsável por parte da análise,
“Os dados se encaixam perfeitamente em uma explicação natural. Trata-se apenas de um cometa extremamente ativo que reagiu de forma previsível ao calor solar.”
A hipótese extraterrestre, embora descartada cientificamente, continua alimentando o imaginário popular e reforçando o interesse por objetos interestelares — uma nova fronteira da astronomia moderna.
O impacto da descoberta para a ciência
A observação do 3I/ATLAS representa um avanço importante na compreensão de corpos vindos de fora do Sistema Solar. Segundo os astrônomos, estudar essas trajetórias e acelerações ajuda a identificar características físicas únicas desses objetos, como composição, densidade e taxa de sublimação.
O fenômeno também fornece pistas sobre como cometas interestelares se formam e sobrevivem durante viagens que podem durar milhões de anos no espaço interestelar.
As próximas semanas serão cruciais, já que o 3I/ATLAS ainda pode ser monitorado pelos telescópios ALMA, Hubble e James Webb antes de desaparecer novamente no escuro do espaço profundo.
O futuro da pesquisa interestelar
Com três objetos interestelares já confirmados em menos de uma década, cientistas acreditam que novas detecções ocorrerão com maior frequência. A NASA e a ESA estão desenvolvendo sistemas automatizados capazes de identificar anomalias orbitais em tempo real, aumentando as chances de flagrar esses visitantes cósmicos logo após sua entrada no Sistema Solar.
Para o astrofísico brasileiro Henrique Mota, da Universidade de São Paulo (USP),
“Cada objeto interestelar traz informações preciosas sobre sistemas planetários distantes. O 3I/ATLAS é como uma cápsula do tempo interestelar.”
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